quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Em busca da civilização perdida

Há cerca de 6.000 anos os egípcios já planejavam suas redes de saneamento básico e distribuição de água. Na Índia foram encontradas redes de esgoto feitas há 3.750 anos antes de Cristo. Esses registros do Wikipédia são apenas para mostrar que mesmo nos achando civilizados ainda estamos longe da civilização. Mais da metade do Brasil ainda não tem rede de esgotos. Os lixões a céu aberto sem nenhum controle, ainda são a regra quando se fala em destinação de lixo urbano. Os políticos não se interessam por esse tipo de obra (só pelo dinheiro da obra) porque não aparece e não dá votos.
                Enfim, os problemas das cidades brasileiras são conhecidos de todos. Mesmo assim ainda se deixa construir casas em áreas de risco, como barrancos, várzeas de rios, dentro de mangues e com direito a assistência social e postes de energia por parte do poder público e Cia. Tudo pelo voto. Pouco importa se na primeira chuva tudo isso seja levado pela enxurrada e o prejuízo social seja maior ainda. Sem contar com as epidemias e mortes que são muitas a cada ano.
                - Porque o Sr. construiu seu barraco nessa área que alaga todo ano?
                - Me disseram que a prefeitura vai me dar uma casinha.
 Aí quando ganha a casinha, vende e volta a construir no mangue pra ganhar outra. Nas cidades pequenas o povo sofre mais ainda por falta de um planejamento urbano adequado. Todos constroem suas casas sem se importar com os pedestres. As calçadas, que deveriam ser públicas, são invadidas pelas casas e seus “puxadinhos” sem que ninguém reclame. Até os loteamentos são vendidos como se o terreno fosse até o fio de pedra na rua
                - Falei com o vereador e ele disse que podia. E pronto.
                E o povo a cada dia mais espremido entre carros e a falta de calçadas. Nos centros comerciais da grande maioria das pequenas e médias cidades do interior do nordeste, as calçadas são pontos comerciais disputados por camelôs e pelos próprios comerciantes que não se importam se o freguês tenha que descer a calçada pra passar em frente a sua loja.
Carros de todos os tamanhos e motos: demais. Asfalto: zero; sinalização de trânsito: praticamente nenhuma. Guardas de trânsito “controlando” um trânsito sem placas nem sinais horizontais ou verticais. Animais de tração defecando e andando alegremente bem no centro da cidade; os famigerados “carros de horário” dominando os espaços e todo tipo de carro de som aporrinhando os ouvidos de todos, são irregularidades cometidas no dia a dia sem que ninguém faça nada. É comum nesses lugares as tradicionais feiras de produtos roubados funcionarem informalmente bem na cara de todos.
E assim caminha a humanidade. Todos se fazendo de cegos pra não enxergar o óbvio. Obras públicas, caríssimas, inauguradas às pressas e sem funcionar, se veem em todo canto. Matadouros que não matam, aeroportos sem aviões, portos sem barcos, praças e logradouros públicos sem nenhuma manutenção e hospitais de fachadas suntuosas, sem condições de atender ninguém. Sem contar com as obras inacabadas que são muitas e ficarão para sempre como atestado de corrupção e enriquecimento ilícito de políticos ao longo dos anos.  Quem é besta de terminar obra dos outros? O pensamento é assim mesmo: mesquinho.
Fazer o quê? Culpar a quem? A inoperância ou a incompetência das prefeituras? O silêncio da população? Já estamos na segunda década do século XXI e ainda esperando a boa vontade dos responsáveis pela civilização que nadam em dinheiro de impostos pagos pelos contribuintes acordem e façam alguma coisa. Ninguém aguenta mais essa civilização perdida.
Fernando Veras - Jan 2010

2 comentários:

  1. É o que se ver em toda cidade do interior. Aqui em Camocim não é diferente, a invasão descontrolada de pessoas morando em condições sub-humanas nos mangues, no Pantanal do bairro dos Coqueiros é ridículo. Os carros de horários nem se fala, circulam pelo centro da cidade sem nenhum critério e atrapalhando o trânsito, apesar de ser uma prática irregular. Outro problema é dos ciclistas, que não respeitam a sinalização e trafegam livremente na contra-mão. E ainda acham que estão certos! Sei não, Fernando! Acho que nessa crônica, sua inspiração foi Camocim.

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  2. É tb uma questao de educação, o povo tb é mesquinho!!Ja dizia o cientista politico que o povo tem o politico q merece!A prefeitura até faz casa, mas o povo vende e volta pro barranco, olha as consequencias da esperteza aó no RJ..dos 700 q morrerem talvez muitos poderiam estar em lugar seguro. A falta de educacao no transito tb é latente, qtos homicidios no transito n aconteceram a partir de um xingamento ou coisa menor?A civilização está perdida do mais alto escalao dos políticos até o analfabeto que vota pq achou um candidato com o olho azul ou pq n quer votar no que tem o cabelo pichain!!!E isto nao esta so em Camocim, mas no BRasil todo!

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