quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Devo não nego, pago quando quiser.

            Nunca se viu tanto dinheiro em circulação no Brasil. Nos últimos anos os chamados empréstimos consignados, nos quais os descontos são feitos em folha de pagamento de aposentados e funcionários públicos, se multiplicaram pelo país. Dezenas de pequenos novos “bancos” competem com os não menos numerosos bancos públicos e particulares tradicionais no mercado, e até com agências lotéricas e farmácias, pelas menores taxas de juros. Os agiotas continuam no mercado, entre muitos outros emprestadores. Afinal, quando nenhum desses bancos empresta, só resta recorrer aos “agentes financeiros de rua”, os populares agiotas ou aos amigos trouxas.
         Falamos de crédito fácil e abundante. Esse tem propaganda em toda esquina. Agora, vamos falar um pouco sobre os outros personagens dessas transações. Os amigos trouxas ou os amigos bem intencionados que automaticamente viram otários na visão dos espertos, que por sua vez, na maioria dos casos também já levaram seus calotes na vida.
         - E aí, meu amigo? Soube que você levou um “banho” (calote) de fulano?       
         - Pois é, rapaz. Depois foi que eu soube que ele não pagava a ninguém. Velhaco conhecido, só eu não sabia.
         - Mas eu te avisei, lembra? Ele já enganou muita gente. 
         - Foi, mas ele me “queixou” com uma história de doença, remédio, e eu, que ainda acredito na humanidade, caí nesse “conto do vigário”, com todo o respeito aos nobres vigários.
         E fica por isso mesmo. Você é enganado e ainda fica com fama de otário, enquanto o velhaco ou velhaca (caloteiro não tem sexo) desfila pelas ruas gastando o teu dinheiro e sempre pedindo mais, afinal, o que não falta é gente “pedindo” pra ser enganado. Aqui, acolá, um desses enganados se revolta e aplica uma surra no vagabundo. Perde a grana, mas lava a alma. Felizmente são raros esses casos, até porque, a maioria desses calotes envolve pequenas quantias e se toda cobrança fosse feita na base da pancada, o que ia ter de olho roxo na cidade...
         As táticas são sempre as mesmas. O cara tá precisando internar a mãe, ou pagar a conta de luz até às quatro da tarde, ou ainda:
         - Pode ficar tranquilo que dia 11 sai minha grana e no mesmo dia eu venho aqui te pagar. O dinheiro sempre sai nesse dia. Só não chega à tua casa;
         - Daqui pro fim da tarde eu venho aqui te pagar!        Esse tipo é o mais cruel. Esse fim de tarde nunca chega e a sensação de haver sido ludibriado é enorme.
         Tem também os chamados velhacos amigos, que mesmo te devendo, continua teu amigo, por conta das pequenas quantias envolvidas nos calotes, como também pelo tempo que quase tudo apaga. Tem os amnésicos que te encontram na rua e falam contigo como se nada tivesse acontecido. Aí você fala:
         - Oi fulano? Tudo bem? E aquela nossa dívida?
         - Que dívida? Não te paguei ainda não? Não. Pois então essa semana eu vou lá só fazer isso. Quanto é mesmo hein? Nem se lembra. E finalmente, tem o devedor que fica puto se você se “atrever” a cobrar:
         - “Diabéisso”? Tá me cobrando? Tá louco? Detesto quem me cobra! Conheço um cobrador que foi processado por insistir em cobrar um comerciante caloteiro.
         Infelizmente, por mais honestos e desconfiados que sejamos, estamos sempre sujeitos a essas “abordagens financeiras” de quem você jamais esperaria levar um calote. Ou seja: frases populares como “fiado só amanhã” e “quem empresta não presta” continuam na moda. Fique de olho no seu bolso.
Fernando Veras - Novembro 2010

7 comentários:

  1. Quantos devem e não negam? Infelizmente, muita gente irresponsável gasta sempre mais do que ganha ou do que pode pagar. Faz parte do capitalismo. Agora, gastar com o dinheiro dos outros é de lascar. Tem velhaco que nem olha pra ti ou se esconde quando te vê. Vão trabalhar pra pagar as contas!

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  2. Estou pensando em colocar um grande negócio em Camocim, o BEV(BANCO DE EMPRÉSTIMO PARA VELHACOS). Pense num grande empreendimento!!!

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  3. De acordo c o ditado popular ainda era mais facil receber ja que o cara pagava qdo pudesse, agora é só se o cara quiser, mesmo podendo!!Aí é pra quebrar mesmo, só chamando o especialista em pequenos negócios grandes prejuízos, o especialista Stenio Nassau!!!

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  4. De acordo c o ditado popular ainda era mais facil receber ja que o cara pagava qdo pudesse, agora é só se o cara quiser, mesmo podendo!!Aí é pra quebrar mesmo, só chamando o especialista em pequenos negócios grandes prejuízos, o especialista Stenio Nassau!!!

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  5. Como é desgostante confiar, investir e acreditar em alguem que acha natural lhe dever, nao honrar com o compromisso.

    Vivemos no país do atraso, da "esperteza" de alguns "sabidos" que usam o estado para se dar bem - seja ele um senador federal ou guarda municipal. A corrupção nao é menos feio que a "velhaquisse".

    Pelo amor de Deus, ate devam uma loja ou o cartão de crédito, mas não devam um amigo!

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  6. E eu aqui só me lembrando dos que ficaram me devendo lá no mercadinho! Tem de tudo: alto empresário do ramo de bares e restaurantes na praca da rodoviária, um guarda municipal e um conhecido radialista na cidade.

    Nao importando o valor, ter vergonha na cara faz bem pra saúde...

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  7. o alivio espiritual nessa situação é que a historia se repete,dor de barriga não da uma só vez.

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