segunda-feira, 4 de abril de 2011

O turista esquecido

           De acordo com as estatísticas oficiais, cerca de 10% da população brasileira apresenta algum tipo de deficiencia. São quase 20 milhões de pessoas, boa parte aposentadas com renda mínima garantida. São consumidores em potencial em qualquer nicho de mercado, especialmente o turismo. Infelizmente a realidade brasileira continua se escondendo de maneira até preconceituosa desses clientes. Mesmo com leis especificas exigindo acessibilidade em prédios públicos e privados de uso comum, poucos lugares oferecem acesso adequado para deficientes cadeirantes ou não.
            Só quem realmente sofre isso no dia a dia pode falar. Em praticamente todos os lugares o desrespeito às leis é a regra. Vagas em estacionamentos públicos destinadas a deficientes são usadas por qualquer um com as desculpas mais esfarrapadas:
            - Parei aqui por engano! Pensei que podia! Não ví a placa!
            Alguns chegam a discutir e até agredir o deficiente pelo “atrevimento” de exigir a vaga que lhe é de direito. A falta de rampas e corrimões é comum em quase todos os lugares com escadas ou degraus. As ruas são um desafio constante para cadeirantes e transporte público adaptado é raro. Banheiros com portas largas para a passagem de cadeiras de rodas, também são raros. Algum “esperto” descobriu que porta de banheiro pode ser de apenas 60cm, quando 80cm seria o ideal.
A maioria dos hotéis, poudadas, restaurantes, bares, cinemas e casas de shows “fogem” de clientes deficientes - como se eles não consumissem - para não gastar um pouco com adaptações. É claro que nem todos os empreendedores estão alheios a esse problema. Os novos hotéis, resorts, restaurantes já estão sendo construídos com acessibilidade total incluindo quartos e banheiros adaptados. Procurando na internet já se encontra listas de hotéis e pousadas com quartos especialmente projetados para deficientes. Sem contar que em busca desse enorme grupo de consumidores, muitos empresários estão adaptando seus estabelecimentos. Em Maceió, AL, até jangadas foram adaptadas para levar esses turistas especiais aos locais afastados da costa.
Enfim, mesmo com toda a legislação em torno do assunto, a coisa continua andando lentamente. A esperança é que no futuro, os deficientes brasileiros ou não tenham acesso a todos os lugares turísticos ou não. É só copiar o exemplo dos Estados Unidos onde tudo é feito para que o deficiente leve uma vida normal com acesso em todos os lugares públicos ou privados. Vamos torcer. Por enquanto recomendo pesquisar bastante na Internet antes de escolher um hotel ou pousada para não ficar parado na porta esperando ajuda pra subir alguns degraus.

Fernando Veras

4 comentários:

  1. Fernando:
    Lembro também que andar, como pedestre, em Fortaleza é uma das coisas mais difíceis, pois os proprietários ou condutores desta cidade, considerada a quarta em população do país, acham-se os donos das calçadas, colocando seus carrinhos ou carrões sobre as mesmas, impedindo assim o acesso e o trânsito dos pedestres e complicando ainda mais o direito de ir e vir para os deficientes. Assim, temos que andar pelo asfalto, arriscando-nos ser atropelados pelos motoristas, sempre apressados e desrespeitosos, com louváveis e poucas exceções, infelizmente.

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  2. Pois é Inácio. Só eu sei a dificuldade em me locomover em qualquer cidade brasileira. Obrigado pele visita aqui no chá. Grande abraço.

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  3. Sei que gostas de ler... ler... apreciar... degustar as palavas... sugiro da uma olhadinha no meu blog. Eis ai o link. Abração!!! http://eunodiva2009.blogspot.com/

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  4. Valeu Eudivan! Fui lá no seu blog e gostei do estilo. Prometo visitar sempre. Grande abraço.

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